UM AVISO
Na próxima geração, acho que
os senhores do mundo descobrirão
que o condicionamento infantil
e as narcoipnoses são mais eficazes,
como instrumentos de governo, do que
os garrotes e os calabouços, e que a
avidez de poder pode ser saciada tão
cabalmente se, através da indução, se
conseguir que as pessoas amem a sua
escravidão como se a chicotada e a
pontapés lhes fosse imposta a
obediência. [Aldous Huxley, 1949]
os senhores do mundo descobrirão
que o condicionamento infantil
e as narcoipnoses são mais eficazes,
como instrumentos de governo, do que
os garrotes e os calabouços, e que a
avidez de poder pode ser saciada tão
cabalmente se, através da indução, se
conseguir que as pessoas amem a sua
escravidão como se a chicotada e a
pontapés lhes fosse imposta a
obediência. [Aldous Huxley, 1949]
Aldous Huxley
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Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo (1932)
Godalming (Reino Unido), 26 de Julho de 1894
Los Angeles, 22 de Novembro1963
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- E é aí – disse sentenciosamente o director […] – que está o segredo da felicidade e da virtude: gostar daquilo que se é obrigado a fazer. Tal é o fim de todo o condicionamento: fazer as pessoas apreciar o destino social a que não podem escapar.
[…]
O director pôs o interruptor na primitiva posição. A voz calou-se. Apenas o seu longínquo fantasma continuou a murmurar debaixo dos oitenta travesseiros.
- Ouvirão isto repetido ainda quarenta ou cinquenta vezes antes de acordar; depois novamente na quinta-feira; e igualmente no sábado. Cento e vinte vezes, três vezes por semana, durante trinta meses. […]
- Enfim, a hipnopedia, a maior força moralizadora e socializadora de todos os tempos.
[…]
- Até que o espírito da criança seja essas coisas sugeridas e que a soma dessas coisas sugeridas seja o espírito da criança. E não apenas o espírito da criança, mas igualmente o espírito do adulto, e para toda a vida. O espírito que julga, deseja e decide, constituído por essas coisas sugeridas. Mas todas essas coisas sugeridas são aquelas que nós sugerimos, nós! - Que o Estado sugere.
[…]
- Para governar, é necessário deliberar, e não perseguir. Governa-se com o cérebro, nunca com os punhos. Houve, por exemplo, o regime de consumo obrigatório…
[…]
- Cada homem, cada mulher e cada criança tinha obrigação de consumir uma determinada quantidade por ano. No interesse da indústria. O resultado…
“Mais vale destruir que conservar. Quanto mais se remenda, pior se fica. Quanto mais se remenda…”
[…]
- A objecção de consciência em grande escala. Qualquer coisa servia para não consumir. O regresso à Natureza.
[…]
- O regresso à cultura. Sim, autenticamente à cultura. Não se pode consumir muito se se fica tranquilamente sentado a ler livros.
[…]
- Oitocentos praticantes da vida simples foram abatidos à metralhadora em Golden Green.
[…]
- Depois houve o célebre massacre do Museu Britânico. Dois mil fanáticos da cultura mortos com gases de sulfito de dicloroetilo.
[…]
- Finalmente […], os administradores verificaram a ineficácia da violência. Os métodos mais lentos, mas infinitamente mais seguros, da ectogénese, do condicionamento neo-pavloviano e da hipnopedia…
[…]
- Utilizaram-se enfim as descobertas de Pfitzner e de Kawaguchi. Uma intensa propaganda contra a reprodução vivípara…
[…]
- Acompanhada por uma campanha contra o passado, pelo encerramento dos museus, pela destruição dos monumentos históricos […]
- Tais são as vantagens de uma educação verdadeiramente científica.
[…]
- Seis anos mais tarde, foi produzido comercialmente. O medicamento perfeito.
[…]
- Eufórico, narcótico, agradavelmente alucinante.
[…]
- Podem obter uma fuga da realidade cada vez que disso sentirem necessidade e voltar a ela sem a menor dor de cabeça nem vestígios de mitologia.
[…]
O director pôs o interruptor na primitiva posição. A voz calou-se. Apenas o seu longínquo fantasma continuou a murmurar debaixo dos oitenta travesseiros.
- Ouvirão isto repetido ainda quarenta ou cinquenta vezes antes de acordar; depois novamente na quinta-feira; e igualmente no sábado. Cento e vinte vezes, três vezes por semana, durante trinta meses. […]
- Enfim, a hipnopedia, a maior força moralizadora e socializadora de todos os tempos.
[…]
- Até que o espírito da criança seja essas coisas sugeridas e que a soma dessas coisas sugeridas seja o espírito da criança. E não apenas o espírito da criança, mas igualmente o espírito do adulto, e para toda a vida. O espírito que julga, deseja e decide, constituído por essas coisas sugeridas. Mas todas essas coisas sugeridas são aquelas que nós sugerimos, nós! - Que o Estado sugere.
[…]
- Para governar, é necessário deliberar, e não perseguir. Governa-se com o cérebro, nunca com os punhos. Houve, por exemplo, o regime de consumo obrigatório…
[…]
- Cada homem, cada mulher e cada criança tinha obrigação de consumir uma determinada quantidade por ano. No interesse da indústria. O resultado…
“Mais vale destruir que conservar. Quanto mais se remenda, pior se fica. Quanto mais se remenda…”
[…]
- A objecção de consciência em grande escala. Qualquer coisa servia para não consumir. O regresso à Natureza.
[…]
- O regresso à cultura. Sim, autenticamente à cultura. Não se pode consumir muito se se fica tranquilamente sentado a ler livros.
[…]
- Oitocentos praticantes da vida simples foram abatidos à metralhadora em Golden Green.
[…]
- Depois houve o célebre massacre do Museu Britânico. Dois mil fanáticos da cultura mortos com gases de sulfito de dicloroetilo.
[…]
- Finalmente […], os administradores verificaram a ineficácia da violência. Os métodos mais lentos, mas infinitamente mais seguros, da ectogénese, do condicionamento neo-pavloviano e da hipnopedia…
[…]
- Utilizaram-se enfim as descobertas de Pfitzner e de Kawaguchi. Uma intensa propaganda contra a reprodução vivípara…
[…]
- Acompanhada por uma campanha contra o passado, pelo encerramento dos museus, pela destruição dos monumentos históricos […]
- Tais são as vantagens de uma educação verdadeiramente científica.
[…]
- Seis anos mais tarde, foi produzido comercialmente. O medicamento perfeito.
[…]
- Eufórico, narcótico, agradavelmente alucinante.
[…]
- Podem obter uma fuga da realidade cada vez que disso sentirem necessidade e voltar a ela sem a menor dor de cabeça nem vestígios de mitologia.
Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo (1932)
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