terça-feira, 6 de maio de 2008

O enquadramento necessário

Valor, contexto e arte

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.
Um sujeito entra na estação do metro, vestindo jeans, camisa e boné, encosta-se perto da entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, na hora de ponta matinal. Durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos que passavam.Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.Alguns dias antes Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, telemóvel no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
Conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto. Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefacto de luxo sem etiqueta de marca.O vídeo da experiência:

1 comentário:

Guilherme Monteiro disse...

Há uns anos atrás a SIC para comemorar um qualquer aniversário de carreira de Jorge Palma, levou-o para o metro de Lisboa. Também ninguém o reconheceu! Hoje é platina com o seu Voo Nocturno, mas estou certo que voltaria a passar despercebido. Vivemos fechados na nossa realidade e não nos apercebemos de que há mais mundo por aí!